“Não estejais inquietos por coisa alguma; antes as vossas petições sejam em tudo conhecidas diante de Deus pela oração e súplica, com ação de graças. E a paz de Deus, que excede todo o entendimento, guardará os vossos corações e os vossos sentimentos em Cristo Jesus.” (Filipenses 4:6-7)
Desses dois versículos transcritos podemos então tirar no mínimo 4 importantes lições, que são características de uma fé madura em Cristo.
1. Não andeis ansiosos: A primeira parte do versículo 6 diz que não devemos andar inquietos, ansiosos por coisa alguma. Mas o que é exatamente a ansiedade?
Em sucintas palavras, ansiedade é um comportamento humano “que antecede momentos de perigo real ou imaginário, marcada por sensações corporais desagradáveis”.
É muito comum vermos nas igrejas muitas pessoas ansiosas, que se preocupam demais com aquilo que elas acham ser necessário para elas. Muitos dizem “preciso de oração porque eu sou muito ansioso”. Mas a ansiedade não se resolve com oração somente. Para que a pessoa deixe de ser ansiosa, é necessário que ela esteja disposta a mudar seu comportamento, sua forma de ver as situações que vive, e ter um coração ensinável por Cristo para aceitar que ter ansiedade é uma falha em si mesma que depende de sua vontade para ser resolvida. O mundo tenta nos impor a idéia de que a ansiedade é uma doença, mas para o cristão, a ansiedade não passa de uma postura que reflete falta de fé e de confiança na provisão de Cristo. É hipócrita o que diz que acredita e confia no cuidado e na provisão de Deus, mas apresenta traços de ansiedade em sua vida (1 Pedro 5:7). A ansiedade se opõe a uma fé madura e genuína em Cristo.
Uma outra característica comum em pessoas ansiosas é que elas também desejam coisas que elas ainda não estão preparadas para receber (Lucas 12:26). No nosso mundo, onde tudo tem que ser fácil e “para agora”, as pessoas aprenderam a valorizar muito mais o que elas ainda não conseguiram em detrimento do que elas já receberam. A ansiedade é fruto de um sentimento incompatível com outra necessidade muito mais importante que temos, que é a de crescermos de forma gradual, sem tentar queimar etapas necessárias ao nosso aprendizado em cada situação da vida. A ansiedade nos faz perder o prazer e a chance de aproveitarmos o tempo da oportunidade, o agora, para aprendermos o valor da espera e fazermos a Vontade de Deus sem se preocupar com aquilo que ainda não é para o nosso tempo ou para o qual ainda não estamos prontos. Afinal, a coisa certa no momento errado, é a coisa errada.
2. Ter nossas petições conhecidas diante de Deus pela oração e súplica: Além de evitar comportamentos ansiosos, Paulo nos ensina a apresentar TUDO aquilo que queremos diante de Deus.
O ato de pedir, seja a Deus ou aos homens, possui dois princípios implícitos: o primeiro é de que só faz pedidos aquele que reconhece que precisa de alguma coisa. Quando uma pessoa pede algo a outra, ela está reconhecendo que precisa daquilo, e que não tem condições de obter isso sozinha, por suas próprias forças; o segundo princípio é o de que nós só pedimos a quem entendemos que pode nos ajudar.
Por isso, sempre que colocamos nossos pedidos diante de Deus, estamos reconhecendo implicitamente que precisamos do Seu favor em cada uma das petições apresentadas e, mais do que isso, reconhecemos que Ele poderá nos atender.
Há pessoas que tentam “reduzir ao necessário” as suas orações. Uns só pedem bênçãos materiais, pois erradamente acreditam que a edificação de sua vida espiritual depende somente de atos voluntários de sua parte. Outros só fazem “pedidos espirituais”, pois acreditam que não se deve pedir nada material a Deus, pois “Deus sabe todas as coisas” ou “em tudo devemos dar graças”.
É claro que as pessoas são diferentes, mas a regra geral não é nenhuma das descritas no parágrafo anterior. Pelo contrário. A Bíblia nos ensina que tudo o que queremos deve ser colocado na presença de Deus. Não só porque Ele é quem tem o poder de abençoar e por isso nos atenderá, mas porque quando colocamos algo em oração, estamos submetendo a nossa vontade à de Deus, na medida em que nos dispomos a ouvir de Deus uma resposta d’Ele, ainda que não seja compatível com a nossa vontade. Muitas vezes o próprio Espírito fala ao nosso coração se a vontade de Deus é a mesma que estamos pedindo, ou se Ele tem para nós projetos diferentes, e maiores, do que aqueles que temos colocado diante d’Ele. Assim, apresentar todos os nossos desejos diante de Deus implica em afirmação de total dependência de Deus, em todas as áreas de nossas vidas.
Ao lado da paciência, que é oposta à ansiedade, está a perseverança na oração (Romanos 12:12). Só persevera na oração aquele que realmente espera pela resposta de Deus no tempo d’Ele. Não raro Deus usa o tempo para nos provar. Há situações em que para nos abençoar, Deus precisará saber se a nossa fé é limitada e facilmente sucumbe ao pequeno sinal de que se deve esperar mais do que pensa, ou se estamos realmente esperando pacientemente n’Ele.
3. Com ação de graças: Além de pedir e esperar sem ansiedade, existe uma outra característica daquele que confia: ele agradece antes mesmo de ver aquilo que ele pediu se concretizando.
Existem também determinadas situações em que a nossa confiança em Deus só será demonstrada quando apresentarmos um coração grato. Não um falso agradecimento, que vem só dos lábios. Mas um agradecimento genuíno, daquele que sabe que receberá de Deus.
Uma dos sinais da pessoa que tem um coração grato é que ela se compromete com o tempo de Deus. Quem realmente espera com gratidão não “exige” que a bênção seja imediata, mas está disposto a recebê-la com alegria no tempo que lhe for dada. E há provas suficientes para afirmarmos que Cristo valoriza um coração grato, assim como valorizou o único dentre 10 leprosos que foi curado e voltou para agradecer (Lucas 17:18).
O agradecimento é também um ato pelo qual nós glorificamos à Deus pelo que Ele nos dá. Deus terá prazer em abençoar aquele que agradece antes de receber, pois saberá que este reconhecerá que não conseguiu sozinho, mas sim que foi Deus quem lhe abençoou.
Não basta perseverarmos na oração. Precisamos também orar em ação de graças. Isso é um princípio bíblico (Colossenses 4:2)!
A fé verdadeira é baseada na certeza daquilo que se espera, sem que tenhamos visto antes (Hebreus 11:1).
4. Ter nosso coração guardado na paz de Deus. Aquele que evita ser ansioso, permanece em oração e com um coração grato, também espera, com paz no coração, a resposta para suas orações no tempo de Deus. Assim, ter um coração guardado na paz de Deus será uma conseqüência na vida daquele que aprendeu as três lições anteriores.
“Cheguemos, pois, com confiança ao trono da graça, para que possamos alcançar misericórdia e achar graça, a fim de sermos ajudados em tempo oportuno.” (Hebreus 4:16)
O que espera em Deus tem certeza que será ajudado “no tempo oportuno”. E nós não tempos o poder de antever nosso futuro e por isso não sabemos quando é chegado o melhor tempo para sermos abençoados. Tendemos sempre a achar que estamos prontos para recebermos todas as bênçãos, mas Deus sabe que as coisas não são assim, pois Ele, além de conhecer o futuro, também conhece o coração humano melhor do que o próprio homem (Jeremias 12:3). E você pode estar certo de que Deus será fiel para com seus verdadeiros servos e saberá – muito melhor do que você - a hora certa para abençoá-lo se esperares pacientemente n’Ele.
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